sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Tela e moldura.

Sentado na banqueta, munido de godês metálicos como fel, palheta, cavalete, óleo de linhaça. Tela... pincéis. Um pincel.

Inicia-se.

Um homem desenha uma moça. Semblante cálido, um seio exposto, cabelos úmidos e boca torta. Esta, desenha outra garota, que desenha outra garota, que rabisca outra garota! A profundidade retratada penetra na alma das duas, três, sete garotas. Uma dentro da outra, uma partindo da outra; o fim do quadro de uma é o início do que pertence a próxima. Juntas, uma cena só.

Então, o pincel escorrega, o pintor erra. E as linhas que antes exploravam o que era o braço e antebraço da primeira das moças torna-se um borrado sem forma. Não existe mais braço. Não mais esta pode continuar com a pintura que dava vida as outras moças.

Será?

Será?!

E o pincel salta da tela armado. Ela tem um braço. Este, separado de seu corpo. E o braço separado rabisca e se delicia desenhando aas figuras femininas, que continuam seu ciclo cadenciado de desenhos e todas acabam por surgir. Braços separados de pernas e calcanhares de Aquiles e corpos flutuantes. Tudo flui. Tudo existe e não há razão.

O autor é niilista.

As garotas dançam “A moça dos olhos de esmalte” em coreografia tenaz.

16 comentários:

M.agic_Words disse...

Posso lhe ser sincera?! Sou sua fã! Rs, o jeito o qual você escreve, a forma; bem eu não sei... talvez as palavras ou TUDO me deixa muito encantada. Parabéns, parabéns mesmo! rs [Sua fã agora!!]

Roberta disse...

Hahaha, eu também sou tua fã, amor.

Unknown disse...

Ótimo ritmo!
parace ter saído direto dos pensamentos do pintor....

;D

Ponto de Vista disse...

Simplesmente muito interessante.
Muito mesmo!

www.assimdeveser.blogspot.com

robson disse...

Verdade seja dita, a turma da Mônica passa fome perto do Calvin...rs

P.S: Grato pela visita.

Thales Henrique disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Aisha disse...

Nossa adorei!!

Me imaginei lá com o pintor!
uashusha
Sei lá, viajei agora!
Gostei muito. Está de parabéns!

Eu! disse...

gostei muito do seu jeito de escrever. Vou explorar mais esse blog, ler os textos antigos. =)

Se puder, passe no meu
http://agarotaquetemquasetudo.blogspot.com/

Beijos.

Rabiscadeira disse...

Que perfeito.
Assim que comecei a ler, minha boca secou. As palavras, o texto, a descrição, a forma contada, o conjunto inteiro estava perfeito.
O seu texto é ótimo, eu adorei. *-*

Foi tão profundo e envolvente.

Simplesmente divino (:

Parabéns. E te seguindo porque me apaixonei *-*
rsrsrs

Laura Marzullo disse...

sabe, admiro mt qdo pessoas das ciências biológicas ou exatas conseguem ter a mesma sensibilidade q tu. um texto com um forma mt peculiar, q mostra cultura e vida.
parabéns e, sempre q puder, volte ao meu blog. até mais.

bia santos disse...

Li cada palavra visualizando a cena na minha cabeça!

Muito bom seu post!

Fabinha disse...

A forma retratada, nos transpassa alusão de sentir o mesmo que o pintor, em seu momento criativo...
Adorei seus textos, são de uma profundidade enigmática! =)

p.s: já add nos meus favoritos... rsrs

Priscilla Baroni disse...

Surreal!

Unknown disse...

Gostei muito da simplicidade e verdade contidos nos seus textos!
Pelo jeito, ficou um tempo longe do blog, NÃO O FAÇA DE NOVO!

:)

Unknown disse...

Movimento, vida, ilusão...
O nada.
Sensação vibrante de quase deixar de existir, tocando, logo após, os pés no chão.
O límen.
As palavras se fazendo divinas.
Amei seu texto!

Unknown disse...

Movimento, vida, ilusão.
O nada.
Sensação vibrante de quase deixar de existir, tocando, logo após, os pés no chão.
O limen.
As palavras se fazendo divinas.
Amei seu texto!

Maurilene